Gestão Eficiente de Estoques

Independentemente do porte da empresa, uma dúvida é comum a todas: por que o inventário físico quase sempre revela tantas diferenças em relação ao estoque registrado? Neste conteúdo, vamos explorar as principais causas dessas divergências e apresentar caminhos práticos para solucioná-las de forma eficiente.

Além da complexidade da atividade industrial propriamente dita existem atualmente diversos fatores que podem influenciar na distorção dos estoques, tais como:

• Inconformidade de materiais recebidos de fornecedores.

• Importação de produtos com avaria ou com especificações diferentes das contratadas.

• Perdas e sua dificuldade de mensuração.

• Volume de insumos, produtos e processos;

• Movimentação interna de materiais.

• Problemas com separação e conferência de materiais.

Considerando esses fatores, observa-se que as divergências de estoque não se limitam às atividades dos setores de almoxarifado ou expedição. Pelo contrário, uma parcela significativa dessas inconsistências tem origem no próprio processo produtivo, especialmente em operações como:

• Substituição de materiais sem a atualização da correspondente ficha técnica ou informação de insumo substituto.

• Perdas de insumos, produtos em processo e produtos acabados que não são devidamente tratados e informados nos sistemas da empresa.

• Reprocessamento e retrabalho em produtos sem a correta formalização de consumo de novos insumos.

• Desmontagem de mercadorias para reaproveitamento de partes ou peças sem a devida formalização nos sistemas da empresa.

• Retiradas de produtos do almoxarifado sem emissão de documento fiscal exigido pela legislação.

Mas como resolver todos esses problemas e evitar que sejam apresentadas divergências de estoque?

Conheça o Bloco K! Isso mesmo! O Bloco K é muito mais do que uma obrigação fiscal, é uma poderosa ferramenta de gestão que pode transformar a forma como sua empresa controla os estoques e conduz o processo produtivo. Com ele, é possível identificar falhas, reduzir perdas e otimizar custos de maneira precisa e eficiente. Em um cenário cada vez mais exigente, o Bloco K se destaca como um aliado estratégico para a melhoria contínua e o aumento da competitividade

MAS O QUE É O BLOCO K? EXISTEM OBRIGATORIEDADES?

Instituído em 2016 com base no Ajuste SINIEF nº 9/2016, o Bloco K - Registro de Controle da Produção e do Estoque é um conjunto de registros destinados a prestar informações mensais relativas à produção, consumo de matérias-primas e estoque. Exigido juntamente com o arquivo do SPED ICMS/IPI (SPED Fiscal), representa um verdadeiro "raio x" de toda a produção e estoque, possibilitando à Receita Federal e à fiscalização estadual a mensuração do consumo de materiais e a recomposição dos estoques das indústrias.

MAS PARA QUAIS EMPRESAS É OBRIGATORIO?

A partir de 1º de janeiro de 2024, passaram a estar obrigados ao Bloco K aos registros completo/simplificado os estabelecimentos industriais pertencentes a empresa com faturamento anual igual ou superior a R$ 300.000.000,00 classificados nas divisões 13, 14, 15, 16, 17, 18, 22, 26, 28, 31 e 32 da CNAE.

Em 2025 a obrigatoriedade começa a partir de 1º de janeiro, estando obrigados ao Bloco K aos registros completo/simplificado os estabelecimentos industriais pertencentes a empresa com faturamento anual igual ou superior a R$ 300.000.000,00 classificados nas divisões 10, 19, 20, 21, 24 e 25 da CNAE.

E QUAL A VANTAGEM DO BLOCO K?

Muito se discute sobre os desafios da implantação do Bloco K, mas é importante destacar que essa obrigação acessória traz também uma série de benefícios. Mais do que um simples requisito fiscal, ela representa um avanço na gestão e no controle da produção e do estoque.

Esse foi o principal ponto observado por nossos clientes que já implantaram ou estão em processo de implantação: a gestão de estoque como algo que nunca haviam percebido antes, inclusive com a redução de perdas e custos.

Dentre seus benefícios podemos citar:

• Reanálise constante dos controles de produção e fluxos operacionais, permitindo o melhoramento contínuo dos processos.

• Geração de controles de perdas de insumos e perdas de produtos em processo;

• Permite mapear o fluxo de reaproveitamento de subprodutos (perdas que retornam à produção em substituição a insumos primários);

• Redução no controle de retrabalho (produtos com inconformidades que comportam adequação), permitindo identificar os produtos que estão demandando adequação e os insumos consumidos no retrabalho.

• Permite o mapeamento da movimentação interna de materiais não lastreadas por documento fiscal, reduzindo a quantidade de ajustes gerenciais de estoques.

• Melhora o controle de estoques de forma geral, devido ao mapeamento exato do fluxo de materiais e produtos, reduzindo assim as divergências de inventário.

• Reduz custos com a otimização dos processos e redução de perdas.

Assim, entendemos que a adoção eficaz de um modelo integrado de gestão da produção e do estoque, aliada a um monitoramento contínuo dos processos fiscais produtivos, pode representar um diferencial competitivo significativo. Essa estratégia é essencial para que sua empresa enfrente com mais segurança os complexos desafios do cenário atual.

E na sua empresa, como está essa realidade? Você já conhece ou implementou o Bloco K? Consegue mensurar com precisão as perdas no processo produtivo? Os fluxos de retrabalho estão devidamente mapeados? Há estratégias efetivas para o reaproveitamento de materiais? Seus estoques físicos estão alinhados com os dados do sistema e dos inventários?

Se respondeu não em pelo menos uma das perguntas acima é hora de repensar seus controles de produção e estoque, pois existe a possibilidade de redução de custos e talvez você não tenha se atentado para isto.

Portanto é hora de profissionalizar sua empresa, reduzir custos e otimizar os resultados!!!

Um abraço e até a próxima!

Atualizado em: 21/07/2025

Leandro Bitencourt Albino é Diretor Técnico da Albino Oliveira Consultoria Empresarial.

Graduado em Ciências Contábeis pela Faculdade Machado Sobrinho e, MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de empresas e Diretor Técnico na Albino Oliveira Consultoria Empresarial, possuindo experiência de 29 anos nas áreas contábil e empresarial. Autor de diversos artigos com ênfase na melhoria de controles gerenciais e na redução da carga tributária através da implementação de regimes especiais de tributação para otimização de resultados nas empresas. Palestrante e facilitador com ênfase em treinamentos in company.